sábado, 22 de abril de 2017

A proximidade que distancia.






O outro distante parece mais interessante. Mais misterioso. Mais intrigante. Tudo menos tedioso. Sentimos saudades. Abraçamos como quem não vê há muito tempo. Nos despedimos com aquele entusiasmo saudoso.  Quando esse outro se torna presente, habitual, corriqueiro, parece que se transforma em outro. Esse outro, agora presente, não nos causa tamanho entusiasmo. Não nos abraçamos. Não nos tocamos mais. Nos limitamos a pequenos acenos e um sorriso meia boca. Muitas vezes não há despedidas, pois o espaço é curto para o próximo encontro. Então não é preciso. Porque a proximidade distancia e a distância aproxima?

quarta-feira, 15 de março de 2017

Sinta (Muito).



Será que ouvimos? Fiquei me perguntando esses dias porque percebi que as vezes eu não ouço. Às vezes, passamos a maior do nosso tempo, do nosso dia, consumidos por nossos próprios pensamentos, problemas ou mesmo alegrias, seja o que for, satisfações ou lamentações, estamos sempre ocupados para verdadeiramente ouvir o que o outro tem a dizer. Muitas vezes o fazemos quando aquilo nos traz benefícios ou, quando, de alguma forma, alimenta o nosso ego. A rotina urge, mas a nossa sensibilidade também. Não nos tornemos indiferentes. " Sempre sinta muito e não se desculpe por isso". 


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mão.




Pega na minha mão. Na simplicidade desse gesto tão cotidianamente clichê é que, de repente, o meu olhar muda. Se transforma. Se revigora. Não tão raro, me pego observando e apreciando a cena que se repete comigo algumas vezes com uma pessoa com quem divido a minha vida. Ele a pega com tanta firmeza, e ao mesmo tempo, com tanta ternura. E eu aperto de volta. Continuo caminhando. Com um sorriso torto. Não solto mais.  

terça-feira, 5 de julho de 2016

domingo, 3 de julho de 2016

Saudades não são ocasionais.





Saudades não são ocasionais. Ou você sente ou não; não existe "meia-saudade". O que existe, muitas vezes, é uma afirmação apenas quando conveniente ou quando servir para manipular ou brincar com aquele alguém que sente o peso de suas palavras tão mal ditas. E há quem tire vantagem disso. Acredito que esse sentimento é tão forte que não deveria ser dito em vão. Com o coração dos outros não se brinca. Qualquer hora dessas, o alvo pode ser o seu.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

'' Poço de saudades''.




" [...] Sou um poço de saudades". Li esses dias um texto e nele continha essa frase que me definiu tão bem. Acredito que haja nela mais do que um tom de alegria, amadurecimento e confiança em relação ao que se viveu e ao que se vive, ao carinho pelos amores passados, à aceitação, embora doía, mas precisa de ter tido que dar adeus ao que não cabia mais em nós e em nossos sonhos. Creio que nela também caiba as dores que ainda não cicatrizaram, as saudades (sem sentido) de pessoas que nos fizeram tão mal, as lembranças do que ja deveria ter sido esquecido. Eu sou tudo que vivo e que vivi, tudo que guardo e que jogo fora. Eu sou as minhas escolhas e também as minhas renúncias. Descobri, com o passar dos anos, que nem todo passado deve permanecer conosco; nem todos os amores cabem dentro de nós. É preciso selecionar e jogar fora algumas coisas e pessoas que não valem mais o espaço que ocupam, desapegar do que já não nos serve a alma e carregar somente o que reveste e renova o nosso espírito. Todos os dias.

sábado, 26 de março de 2016

Coragem.





''É preciso bastante coragem pra ser quem você é". Essa frase é bem emblemática e se encaixa bastante com o que estou passando no momento. Às vezes e não raro, me pego duvidando de mim mesma e das minhas certezas mais íntimas. De repente, começo a duvidar dos lugares que frequento, das companhias que mantenho, dos gostos, preferências e opiniões que adquiro - da pessoa que eu sou, ou fui. Me pego achando que deveria gostar, querer, amar outras coisas além das que eu verdadeiramente tenho como minhas. A sociedade me impõe ou a deixo se impôr sobre mim? Eis a pergunta. A resposta não tenho, só sei que a única coisa que posso fazer nesse momento é ser quem sou e assumir toda a carga que isso traga consigo. A coragem precisa fazer parte da gente, senão seremos engolidos por verdades alheias e completamente ilegítimas. Não são e nunca serão nossas.