sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um conto sobre solidão.





Então, finalmente abriu a garrafa de vinho, que vinha guardando há tempos, desde a sua última comemoração de aniversário. Estivera ali, intacta, e aparentemente, ainda saborosa. Lembrou-se de como fora seu aniversário. Alguns amigos vieram lhe visitar e fizeram uma comemoração pequena. Íntima. Estivera feliz naquele momento. Acabou relembrando das pessoas daquele dia. De como eram. E de como sentia falta delas. Ao logo do tempo, todos seguiram suas vidas, como disseram que seguiriam. As despedidas foram curtas. Porém, doídas. Julian nunca havia percebido o quão solitário havia se tornado. Estava ali, com o seu livro publicado. O livro que passara aproximadamente um ano e meio para escrevê-lo. E agora, estava ali. Em sua mesa. Á vista de seus olhos. Seu sucesso até que durara. Pessoas o paravam para ele autografar o livro do qual tinha tanto orgulho de exibir. Com o tempo, as pessoas foram achando outros para se ocuparem. O seu livro, porém,  havia ficado ali. No mesmo lugar. Com a mesma data. Com o seu mesmo tempo. Porém foi deixado. E ele nunca havia parado pra pensar o quão duro é ser deixado. Não que não tivesse seguido o seu próprio caminho. É só que se pudesse escolher não dizer adeus.. O faria. Sempre faltava algo que nunca se preenchera. Talvez por poucos segundos algo realmente bom estivesse ali. Talvez por alguns momentos. Como o do seu aniversário. Depois, simplesmente, como em um passe de mágica, o buraco aparecesse lá novamente. E então, Julian decidira escrever um novo livro. Dessa vez, seria sobre ele. Sua vida. Das pessoas com quem esteve. Dos momentos memoráveis. De recordações íntimas. Lembranças doídas. Seria sobre tudo isso que vivera. Sobre todas as suas dores. Ou talvez as de outros também. Assim, talvez alguém passe a se interessar por sua vida. Talvez passe a saber que ser solitário nem sempre fora tão ruim. É só um modo de vida. Um modo que nem sempre te deixa sóbrio, mas que te faz ser livre. De alguma forma. O livro seria como sua dor, eternizada. Solidificada. Escreveria sobre suas melhores memórias. Assim como os momentos. Assim como as pessoas.. Tudo estaria ali. Escrito. Gravado. Assim como estivera todo esse tempo. Dentro dele. Só assim, não poderiam ir embora.  Ele não seria tão solitário, afinal. 

3 comentários:

Anônimo disse...

texto seu ou de um livro? independente da resposta, otimo texto.

Juliana. disse...

Texto meu mesmo. (: E obrigada!

Anônimo disse...

Lindo texto. Se dá a impressão que algo que parecia especial, finalmente aconteceu. O mesmo aconteceu comigo, isso me fez lembrar de um grande amor. "Uma garrafa de vinho finalmente se abre". Um amor que estava guardado, um amor que estava esperando para acontecer. Que agora deu certo. Um amor que venceu as barreiras do tempo. Sem mais, lindo texto. Parabéns, e se você tem um grande amor, essa história do "texto" parece muito com a minha. Parabéns.

Ass : Luis.