domingo, 30 de junho de 2013

Sem título.


Todos costumam dizer que a melhor hora para escrever é de madrugada. Concordo piamente. A hora em que estou escrevendo isto, parece propícia para dizer. Mas pra mim, a hora que é ainda melhor que de madrugada é a hora em que está triste. Solitário. Talvez um tanto depressivo. Porque quando se está assim, você costuma pensar em coisas que geralmente não pensa quando está alegre. Isso porque quando se está alegre, você costuma pensar em tudo, menos no que está acontecendo. Você só vive. Não costuma pensar no sentimento de felicidade. Quando se está no outro estado, você costuma refletir sobre tudo aconteceu e o que te levou a ficar assim. Geralmente é um assunto específico, mas que te leva a vários outros interligados ou até mesmo isolados. E agora estou eu, em frente a uma maquina de escrever, um tanto velha, robusta, mas que sempre foi minha companhia durante todos esses anos de angústia. Do lado dela, encontram-se maços de cigarros vazios e uma caixa nova pronta para ser aberta. E muitas memórias vieram á mente. Memórias que talvez eu não quisesse mais que voltassem. Dei uma tragada, que enchia meus pulmões com uma fumaça corrosiva e,  continuei a escrever. Porém eu não sabia o que escrever. Estava numa crise, daquelas de que não se sabe exatamente sobre o quê escrever ou quem. Talvez eu só quisesse escrever por um costume doentio que manti durante tanto tempo de pôr num papel todas as minhas emoções, ao invés de pô-las pra fora para alguém ou para mim mesmo. Talvez eu não as encarasse de uma forma saudável. Talvez eu só cultivasse aquilo que me causava dor, mas que ao mesmo tempo, fazia parte do meu ser. Do meu âmago. E enquanto eu refletia sobre o que eu poderia escrever, lá embaixo, na cidade, tudo estava barulhento. Os bares que haviam perto de meu pequeno aposento, costumavam estar cheios uma hora dessas. Bares cheios de gente e vazios de vida e alma. Das ruas que encontravam-se sujas. Dos becos lotados de tráfico. Poderia escrever sobre isso, mas não gastaria mais do que poucas linhas. Tudo é tão extremamente semelhante, tão banal. Vago. Leviano. Poderia escrever como eu sofro todos os dias pela minha solidão. De como os meus dias têm sido exaustivamente cansativos e de como a minha crise de escritor está afetando completamente os meus dias. Mas não, eu apenas penso que sem tudo isso rodeando e bagunçando a minha mente, eu não poderia estar tendo pensamentos como este. Um tanto insanos. Produzindo uma arte tão bela e tão melancólica. Apenas sei que estou pensando e escrevendo. Pensando e escrevendo. Enquanto isso, vou continuar tentando pensar no que escrever. Vou pegar mais um maço de cigarros. E a cada nova tragada, um pensamento meu se torna uma ideia tão inovadora quanto maçante. Tão bela, quanto banal. 

Nenhum comentário: