domingo, 4 de novembro de 2012

Claro.



Meu quarto branco. Acordo entre lençóis e um travesseiro amassado. E todo o dia anterior foi deixado naquele quarto. Todo o acontecido. Todas as memórias sórdidas. Tudo o que eu não quero lembrar. O ar parecia quase que contaminado com todos aqueles pensamentos soltos.  Naquela noite, tudo o que eu não fiz foi dormir. Virando e virando e virando a cabeça. Virando o corpo. Mudando o travesseiro de lugar. Mudando de posição. Foi aí que eu percebi que eu não tinha que mudar somente de posição o meu quarto. Mas a minha vida. Me pego dando suspiros na madrugada. Olhando para o teto. Olhando para a janela. Olhando para fora dela. O que eu estava esperando? Volto quase que de imediato a mim. Volto á realidade.  A madrugada parece longa. Tão longa que eu resolvo dar uma volta na praia. O mar sempre me acalma. O ócio de olhá-lo sempre fazendo a mesma coisa, sempre na mesma direção. Meus pés estão úmidos. Meu coração gelado. O céu escuro. As pessoas vagas. O ar vazio. E tudo o que eu quero naquele momento é não esperar que tudo faça sentido. A minha vida já tem um eterno sentido absurdo para tudo.  Eu quero continuar a voar entre os meus pensamentos e de uma forma estranha, continuar por lá. Entre tanta agonia, uma luz sempre me parece ser a melhor saída. Mas qual será a luz? Quem? Me pego desejando que o amanhã chegue depressa. Talvez seja essa a saída. Um novo dia. Um céu claro. Um novo acordar. E me pego dormindo enquanto o amanhecer acontece...

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