segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Não de vez em quando.



Não gostamos de alguém de vez em quando, disse a sábia de minha mãe. Parece uma frase tão simples, mas me fez pensar tanto. Não acredito que alguém diga pra si mesmo que está apaixonado por um outro, em um momento, e de repente, como um líquido que se esvai rapidamente, percebe quase que instantaneamente que não gosta e que pode perfeitamente viver longe. No comodismo de seu coração de pedra. Quando, depois que se tem a presença física, que é a coisa mais fácil do mundo, vê que realmente gosta. No amor não há uma explicação racional para a saudade, mas é não tendo-a, que se sente de verdade. Porque como diz um poema da linda Clarice: ''Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.''Portanto, Não deveria ser a saudade física a mais superestimada, e sim, a saudade da alma. E talvez nem com esse tipo de saudade, nos saciemos.  O amor é uma luta diária, constante e arrebatadora. É uma força que nos move para frente. Uma força que move o mundo e a nós. E deveria ser ela a nos impulsionar a querer viver sempre ao lado de quem amamos. E se não conseguirmos essa sorte, que ao menos nos ajude a romper com as amarras que nos prendem e  nos ajude a transformar toda essa bagunça que jogamos nos outros, porque não conseguimos arrumar a nossa, em um motivo para lutar e cuidar daqueles que queremos ter perto. Que sabemos que amamos. Porque tudo que não é alimentado, morre de alguma forma. E talvez não retorne. Não volta.

Nenhum comentário: